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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Linha Cruzada - 3 Capítulo (Web Novela)



Matos, um homem comum, morador do morro chega em casa e encontra a situação mais difícil ainda. Matos está desempregado e todos os dias tenta arrumar um trabalho, mas não consegue. Sua esposa, Marluce, aguenta firme junto com o filho, mas a falta de dinheiro e a doença do filho estão acabando com a vida deles.

 __Matos eu fui no posto e não tinha o remédio do Mateus e na farmácia esse remédio custa R$63. Me fala agora. O que vamos fazer?

__Meu amor, eu não estou conseguindo arrumar serviço... Eu não aguento mais vê vocês nesse desespero. Eu vou ter que arrumar qualquer coisa pra fazer, senão eu vou enlouquecer. Eu preciso arrumar dinheiro pra gente poder viver!

__ Pior que o Leite do Mateus acabou, a cesta básica que eu consegui na igreja também já está acabando. E agora amor? Você tá saído todos os dias e não está conseguindo um trabalho. Nosso filho está doente e nós não temos dinheiro... O que vamos fazer?

__ Eu vou encontrar uma solução rápida. A gente sair dessa...
Matos fica de cabeça quente e resolve sentar do lado de fora de sua casa, para tentar pensar numa solução.




Ao sair de casa, fica olhando para os vagabundos vendendo drogas. Ele tenta repreender todos os pensamentos, mas não consegue segurar a ideia de ir trabalhar na boca de fumo. Afinal ali não existe exigências, não precisa experiência, e ao mesmo tempo o dinheiro vem rápido. Ele resolve falar com os caras.

__Companheiro, com quem que eu falo pra trabalhar no movimento?
__Pô irmão... Você tem que falar com o patrão.
__E quem e o patrão?
__E aquele ali irmão.




Matos respira fundo e vai até Michel, que está rodeado de homens fortemente armados.

__Da licença... Eu to querendo trabalhar no movimento. Com quem eu falo?

Michel olha Matos de cima em baixo e o chama pra um canto.

__Por que você ta querendo entrar nessa vida?

__Eu não aguento mais ver minha família passando necessidade, eu não consigo arrumar emprego. O meu problema não e dinheiro? Então eu vou ganhar dinheiro.

__Ta tranqüilo, então Você conversa com o irmão ali que ele vai te apresentar a rapaziada, valeu! Você já deve saber das “Leis do tráfico”, né? Se trair morre. Se caguetá, morre. Se vacilar, morre. Se derramar a boca... Já sabe.

Matos logo conhece a rapaziada do movimento e já começa a trabalhar. Ele sabe que é perigoso, mas acredita que conseguirá ganhar um dinheiro até se organizar e voltar a vida ao normal.
Marluce, em casa, vê as fotos do seu casamento com Matos. Foi um casamento simples e só no civil, mas marcou pra sempre a vida de Marluce. Ela olha foto por foto, casamento, nascimento do filho... Sem imaginar o que o marido está fazendo.
As horas vão passando e nada de Matos voltar.  Marluce já preocupada acaba  adormecendo.



Durante o seu cochilo ela acorda e se levanta para olhar a hora. Matos chega na hora.

__Matos isso é hora de chegar?
__ Pô, eu arrumei uma batalha. Olha o dinheiro que eu ganhei.
__Que maravilha amor, graças a Deus! Nos não vamos mais passar fome nem ficar sem remédio!

Os dois se abraçam e começam a chorar. Naquele momento Marluce acredita que seus problemas estão resolvidos e agradece muito a Deus.
Joelma descansa depois de um dia de batalha e conversa com a filha Nina.

__ filha, como foi o seu dia?
__ Foi igual a todos os outros dias...
__ Mãe! O morro esta calmo agora?
__ Por que?(Joelma)
__ Por que eu vou  na casa da Micaela.
__ Esta calmo. Você vai sair com ela?
__Vou mãe... Eu vou pro baile.
__Eu fico tão preocupada! Eu nem durmo. Você sabe que eu não gosto que você fique andando por aí!
__Ah Mãe! Não vai acontecer nada. A senhora sabe que na hora do baile não acontece nada! Fica tranquila...

 Nina sai de casa pra ir à casa de Micaela. No caminho ela vê um bando de vagabundos armados com um monte de mulheres bonitas do lado. Ela passa e seus olhos parecem procurar alguém e sem muita demora ela vê Michel dentro de um carro com um mulherão do lado.


Logo seus olhos ficam tristes e assim ela segue pra casa da amiga. Chegando lá ela grita Micaela:

 __Micaela! Micaela!
__Oi, Nina. Entra.

 Nina entra...

__Hum! Você não vai pro baile, não. – Pergunta Micaela com ar de deboche.
__To afim não.To triste.
__Ahh! Não vai me dizer que você viu de novo o Michel com alguma mulher e ficou assim?
__ Foi... Foi isso mesmo.
__Para de bobeira, ele não sabe que você gosta dele. Você acha o que?
__Ta bom, eu vou pro baile. Mas só se você parar de falar isso.
__Então vamos se arrumar? Já ta ficando na hora. Desfaz essa cara triste, vai...


Mario, policial militar, chega em casa depois de mais um dia de trabalho.




__Oi, como foi o seu dia hoje? – Pergunta Josi, acariciando o marido.
__ Foi difícil, muito difícil.
__ Graças a Deus, Você chegou bem. Eu não agüento mais viver com medo que aconteça alguma coisa com Você. Esse mundo ta muito perigoso. Os bandidos tão mais armados do que a policia.
__ Infelizmente tenho que admitir. Vagabundo ta mais armado que a gente.
__ Sem contar as tramoias dos corruptos que trabalham com você né amor. Eu tenho medo deles fazerem algo com você também.
__Mas eu não me envolvo com as safadezas que meus parceiros fazem não, eles até me chamam, mas eu não faço canalhice com ninguém. Eles sabem qual é minha. Eu não me envolvo na vida deles e eles não se envolvem na minha. E o papai ta melhor? – Pergunta com semblante de preocupação.
__Ele ta melhor, mas o remédio dele acabou.
__Mas eu só recebo uma vez por mês aquela mixaria, eu vou ter que arrumar um bico de segurança por ai.
__Mas meu amor você já quase não fica em casa, quase não fala com seus filhos. Eu nem durmo direito quando eu escuto no radio que tem tiroteio em algum morro.
__Mas o que eu ganho na policia não da. Fica tranqüila que vai dar tudo certo. Eu arrumo um bico por aí e tudo vai dar certo.
__Mas você trabalha muito, como vai conseguir?
__Deixa comigo. Não se preocupe...

Mario é um policial honestíssimo, mas passa dificuldades com a família. Sempre que o pai fica doente é um problema, pois os remédios são caros e o salário é curto.
Andressa chega a casa de Melissa e a encontra no seu quarto...

__Oi! Posso entrar?
__Claro né!
__Andressa, eu to com um problema seríssimo.
__O que? Me conta logo ! Vai...
__Eu não consigo tirar uma pessoa da minha cabeça.
__Quem?
__Aquele rapaz que salvou a gente.
__Melissa! Eu te proíbo de pensar nisso. Aquele cara e do morro, você esta ficando doida varrida. Você esta noiva e vai se casar! Nem pense nisso, nunca!
__ Eu não consigo... Fico lembrando dele... Aquela cara de homem... Não sei o que é!


No morro o baile está começando. Nina e Micaela chegam no baile... Micaela logo se assanha...


 __Nossa olha como está cheio o baile! Tá o fervo!
Mas Nina parece não escutar. Ela olha para todos os lados a procura de Michel. Micaela fica irritada...
__ Nina, por favor, eu já te falei pra você esquecer o Michel. Ele e o maior safado da paróquia. Come geral! Quer saber de ninguém.
__ Para de falar assim, eu gosto dele. Você sabe disso! Eu sempre gostei e sempre vou gostar.
Enquanto elas conversam, Michel chega no baile rodeado de homens armados e fica parado olhando algumas garotas que dançam pra se exibir pra ele. O baile onde tem bandido sempre é assim. As mulheres ficam rebolando freneticamente na frente deles pra chamar atenção. Ali eles escolhem quem é que ele vai pegar na noite.
Ainda no morro, mas em casa, Matos fica inquieto e Marluce percebe, mas não diz nada. Depois de muito rodar Matos fala com a mulher.
__ Meu amor, vou trabalhar. Eu consegui uma batalha de segurança de um supermercado.
__ Mas e agora, você nem tinha me avisado.
__ Meu amor e pra nossa sobrevivência, vai. Não se preocupa.
__ Mas eu to com um aperto no coração. E se alguém for assaltar? É você que tem que prender?
__ Fica tranquila!

Matos beija a mulher como se fosse a última vez, dá um beijo no filho e sai. Marluce fica com um aperto no coração e resolve ir atrás dele, pois está com um mau pressentimento. Marluce sai de casa com pressa. Ela nunca fica olhando pra cara de nenhum homem, mas ao passar pelo local onde o baile está acontecendo ela se depara com Matos. Para o choque de Marluce, Matos está armado. Marluce é uma moça muito recatada, sendo até inocente, pois fora criada por uma família humilde, mas muito honesta. Ela naquele momento  não consegue entender o que estava acontecendo e fica transtornada. Muito nervosa Marluce tenta tirar o marido dali...

__ Matos o que Você esta fazendo aqui! Pelo amor de Deus você vai acabar com a nossa vida!
__ Não, não. Eu to tentando salvar nossa vida!
__ Não, você ta enganado! Por favor, vamos embora daqui!

Nesse momento as pessoas começam a se aglomerar pra ver a discussão.
Marluce puxa Matos, mas ele não vai. Michel vê a bagunça e resolve se meter...

__ Ôh irmão! que bagunça e essa ai, qual e da parada? Você tem que dar um jeito aí pow, vida de vagabundo não e mole não. Ou você vai com a sua dona ou manda ela parar de escândalo!

Matos olha pra Marluce e tenta convencê-la a ir embora:

__ Marluce, vai embora!
__ Eu só vou com você! Eu só saio daqui com você!
__ Anda! Eu to mandando! Vai embora daqui!
__ Matos,  você nunca falou assim comigo! Por favor vamos embora pra casa... – Marluce fala isso chorando muito.

Michel para perto de Matos e fala como se Marluce não estivesse ali.

__Isso mesmo, mulher gosta de ser tratada assim. Há, há, há...

 Marluce olha pra Matos como se ele tivesse cravado uma faca em seu peito e sai correndo aos prantos. Na verdade o coração dele também está despedaçado, mas a sua palavra de homem não o deixa voltar atrás. Tudo ali lhe parece estranho, as pessoas, o lugar, até ele mesmo. Mas ele não podia mais deixar sua família passar necessidade...
O baile continua e rapidamente todos esquecem a confusão, a não ser Michel que olha pra Matos e faz sinal de positivo.
Junto com Michel, muita gente bebendo e dançando. Ali tudo era muito regado. Não tem quem fique de copo vazio.




Nina dança, porém não tira os olhos de Michel. Ele percebe que ela esta olhando muito pra ele, mas como se a ignorasse, sarra em uma mulher que rebola na sua frente.
Nina não se conforma e se aproxima dançando. Michel percebe e admira seu rebolado, seu corpo, começa a olhar com outros olhos porém logo se distrai com outras mulheres. Nina percebe e se afasta novamente.
O baile acaba, Michel se entoca e ficam apenas soldados, olheiros e vapores na pista.
Logo que amanhece  policiais sobem o morro pra mais uma operação. A bala come de verdade. É tiro pra tudo que é lado, janela furada, carro furado, morador apavorado. 




Nesse confronto um vagabundo e um policial são feridos, não resistem e morrem no
hospital. Mas isso não altera a rotina do morro, que após a saída da policia continua com a boca de fumo a todo vapor. Tudo parece voltar muito rápido ao normal. A rua cheia, criança correndo, gente pra lá e pra cá sempre rodeado de muita arma.

SEGUE PARTE 4

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